Amor Ágape

Amor Ágape
ઇઉ*☆ツ°๑๋•"Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo."•.¸°๑๋•ツ ☆*ઇઉ

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Morte




Peço a Deus que conforte o coração de cada familiar e amigo!!!

Relato


Festa bonita, festa bacana, não é? Olha só quanta gente! A iluminação tá demais e a banda está realmente um show. Não sou da área VIP, afinal nem gosto disso… Prefiro ficar aqui na frente, junto com o povão, perto do palco, sempre foi o melhor lugar pra mim. Mas, de repente, em questão de segundos, começaram a gritar. E eu, sem entender, nada comecei a gritar também. No começo pensei ser apenas um alvoroço de um grupo de amigos ou até mesmo uma briga, mas quando olhei pra cima, vi que tinha fogo, e não parecia fazer parte da apresentação pirotécnica. Quando me dei conta, estava ali sozinha, minhas amigas já não estavam do meu lado, e então toda aquela alegria de antes se transformava em euforia e medo. Naquele momento, toda minha vaidade se perdeu, sem se importar com nada, tirei o salto, perdi minha bolsa, e sai como uma louca em direção à porta que entrei. Mas acontece que era praticamente impossível passar por lá, tinha tanta gente! E cada vez mais a fumaça tomava conta do local, tudo tava tão nebulado que resolvi tentar outra saída. Nesse momento já era possível ver pessoas caídas, deviam estar somente desmaiadas, devido a fumaça - era a minha mais ingênua esperança. Corri para um corredor junto com outras pessoas que pensavam o mesmo que eu, tinha que ter uma saída ali, era minha ÚLTIMA chance, não havia mais o que se fazer. Ainda sem saber aonde estava, escutava gritos ensurdecedores que cada vez chegavam mais perto, mas as chamas não estavam ali, pensei estar segura. Mas aquela sala que antes tinha somente algumas pessoas ficou lotada e a fumaça começou a entrar. Queria sair dali, mas não dava… Fiz o que sempre fazia quando estava com medo - não ria de mim - mas eu liguei pra minha mãe. Não escutava nada do que ela dizia, mas eu tentava aos berros dizer pra ela vir me ajudar, que me tirasse dali, como se ela fosse uma super-heroína que viesse voando me salvar. Já estava praticamente impossível de enxergar algo e a respiração ficava abafada. Lembro de ter dito EU TE AMO para minha mãe antes de desligar o telefone, se é que cheguei a desligá-lo. Como num passe de mágica, tudo começou a se acalmar… Os gritos ficaram mais baixos e inaudíveis  meu corpo já não sentia dor nem medo, fiquei paralisada e apenas fechei os olhos, como se fosse dormir. Acho que nesse momento eu morri, não sei descrever a morte, mas em meio à tanto tormento, ela foi uma calmaria, sei que nem sempre é assim, mas comigo foi. Em um dia aparentemente normal, aonde só queria me divertir, com todos os planos pela frente e com o futuro ao meu alcance, tudo pode acontecer.  (Wander Ribeiro)
Dói, dói de verdade, saber a tristeza que uma irresponsabilidade despercebida está causando em tantos corações. Quantos pais vão chegar ao quarto vazio de seus filhos, agora para sempre vazio? Quantos irmãos hoje tiveram que enterrar os seus caçulas, lembrando da última festa que curtiam juntos? Podiam ser eu e minhas amigas ali, podiam ser os meus pais chorando, minha família desmoronando. Amedronta pensar isso… Mas podia. Eu não tenho a ver com todos aqueles jovens - tão longe mas tão próximos de mim - e, mesmo assim, desde a primeira notícia que li sobre a tragédia, um vazio se instalou em mim, junto com as lágrimas que não cessam a cada novo depoimento que leio. Hoje, eu aprendi a dar valor a segurança nas festas, aos “nãos” que minha mãe me dá. Imagino só… Quantos braços de namorados e namoradas não estão vazios agora, sem ter tido ao menos o último “eu te amo”? Quantas amizades foram simplesmente arrancadas e carbonizadas naquela boate? Quantas lágrimas serão sempre derramadas ao lembrar da risada daquela garota, que nunca mais será ouvida… Ou os olhos azuis daquele garoto, que nunca mais brilharão. Não dá pra imaginar… Não dá pra chegar nem perto da dor que esse fogo vai fazer arder eternamente.

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